quarta-feira, 27 de maio de 2009

Adeus


As palavras fogem-me dos dedos, como se de penas se tratassem.
Eu sei que a despedida está para breve, mas não quero aceitar, nem sequer pensar nisso.
Como posso eu sopurtar viver sem aquele que era o meu abrigo nas noites em que nem comigo podia viver, em que o mundo caía e desabava e eu não conseguia sopurtar o peso que tinha nos ombros?
Como irei eu lidar com o facto de nunca mais olhar nos teus olhos caramelizados, de sentir o teu perfume que me embala para um lugar seguro, sem o teu corpo frio que me acalma, sem as tuas mãos perfeitas, sem poder ver o sorriso que me dá vontade de seguir em frente e que me diz que estás aqui para o que der e vier?
Conseguirei eu dizer-te adeus? Não quero sequer pensar nisso!
Alguém me disse que nesta altura eu já não consigo viver sem ti e eu neguei-o. Mas o que é facto é que não o consigo negar a mim mesma, porque a verdade é que já não passo sem ti.
Falta-me a coragem para te enfrentar, para olhar-te nos olhos e sussurrar-te "Não vás! Eu amo-te!", no murmúrio mais gritante que o meu peito conseguir aguentar.
E se eu não sobreviver depois de partires? Se me faltar o ar, se o peso no meu peito se tornar tão insopurtável que me impeça de conseguir voltar a sonhar, e se eu tombar, fria e inerte, de olhar vazio e corpo à chuva? Serias capaz de olhar para trás e agarrar-me com tanta ou mais força do que aquela com que me agarras hoje? Serias capaz de correr até mim e apanhar o meu corpo morto do chão e de devolver toda a vida que tinha, até à última gota?
Ainda não foste e já me sinto a morrer...As lágrimas ameaçam sair, gritam desesperadamente para que as deixe correr com quanta força têm, e eu não sei se serei forte o suficiente para as travar, outra vez.
Fizeste-me feliz e quero que continues a fazê-lo, quero também eu fazer-te feliz, apoiar-te nos teus sonhos e vivê-los contigo.
Quero estar deitada nos teus braços, só assim, a ouvir o teu coração, a sentir o ar entrar e sair de ti. Quero adormecer nessa paz, na nudez da felicidade e na brutalidade dos sentimentos que verto por ti.
Quero-te a ti!

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