sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Manhã


É 6a feira...
Sofia acorda de mais um pesadelo com o som do despertador.
"7h00 da manhã" pensa, ainda aturduída do sonho que lhe parecera tão real.
Obriga-se a levantar-se da cama, a prender o cabelo e a dirigir-se para o banho com os passos lentos e pesados, sem qualquer tipo de vontade de sair de casa naquela manhã fria e cinzenta.
O banho quente ajuda-a a despertar um pouco, mas a vontade de se enfiar na cama e dormir até não poder mais cresce a cada segundo. "Não pode ser", pensa, "é só hoje, amanhã podes descansar."
Arranja-se lentamente, dentro do curto espaço de tempo que tem para se arranjar, não importa se demorar mais uns minutos, "Comboios há muitos...".
Ao sair de casa tem a sensação de que se esqueceu de alguma coisa, olha para dentro da mala, certifica-se de que tem tudo e chama o elevador do 4º andar onde mora.
Dirige-se até à estação de comboios e espera pelo seu, que é daí a 3 minutos. Contudo, esse tempo dá para reparar de fora nas pessoas que a rodeiam e que andam de um lado para o outro, abstraídas de tudo. Ao passarem por si, deixam rastos de perfume extremamente concentrados, deixando Sofia enjoada.
O comboio chega. Entra mecanicamente na carruagem e escolhe um lugar ao pé da janela. Abstrai-se das pessoas que a rodeia, das conversas que têm e das diferentes línguas que falam e concentra-se no livro que tem andado a ler nas últimas semanas. A voz gravada da indicação das estações é praticamente inaudível áquela hora da manhã, por ser hora de ponta.
Ao sair na sua estação, desce até ao metro, quase esmagada pelas pessoas apressadas. Não são raras as vezes em que o seguinte pensamento se lhe ocorre "Parecem gado sem pastor, tudo na mesma direcção, não podem esperar pelos outros, não se importam que alguém caia ou se magoe...Comportam-se como gado autêntico", e o dia de hoje não é excepção.
Na estação do metro, o odor matinal continua bem marcado, um misto de perfumes e colónias, com café e tabaco à mistura.
O metro está ainda pior do que o comboio, por isso tem de se limitar a ir em pé. Não consegue de se sentir desconfortável, os varóes e pegas de segurança estão gurdurosos, sabe-se lá que mãos por ali passaram, fica com uma sensação esquisita no corpo, tem de lavar as mãos assim que encontre uma casa de banho decente.
A saída do metro é mais calma do que a entrada, à chegada à superfície é um banho de realidade, o sol encadeia-lhe os olhos claros, obrigando-a a fechá-los.
Caminha lentamente pela cidade e consulta o relógio "Tenho tempo, afinal de contas, são só mais umas horas até que possa voltar a casa e dormir até que me apeteça."

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