domingo, 13 de setembro de 2009

Regresso perdido




Quero regressar à infância...
Tudo o que sempre desejei, mesmo antes do tempo em que me era permitido desejá-lo, foi ter 18 anos, atingir a maioridade, ser independente, deixar tudo o que tenho para trás, partir de malas e bagagens para sítios mágicos e novos.
Cheguei aos 18 anos viva, se bem que não sei como. Passei por tudo, pelas maiores atrocidades que o ser humano é capaz de cometer contra os outros e contra ele próprio e estou aqui, maior de idade. Sempre me considerei um pouco mais adulta do que a idade o exigia, e nunca me importei com isso, aprendi a ver o mundo de outra maneira e com uma visão mais crua do que é ser-se humano.
Mas de alguma forma, quero voltar atrás no tempo, quero reviver cada sorriso de infância, cada dói-dói, cada brincadeira com aqueles que me são queridos. De repente, esta responsabilidade de me tornar adulta e independente é demais para mim e para aguentá-la sozinha. Continuo a querer partir para lugares que nunca vi, mas com aqueles que amo na minha bagagem. Quero ser uma criança, ser adulta tornou-se pesado demais para mim. Não posso descartar o que vivi e muito menos esquecê-lo, mas quero voltar a ter o colinho da avó quando estava assustada e que ela cante até eu adormecer, quero ficar ansiosa com o primeiro dia de aulas e ir comprar os materiais novos, quero ter o prazer de sentir o cheiro de um livro novinho em folha e rasgar os plásticos que os envolvem, quero voltar a ter a inocência que perdi e tornar as lágrimas que chorei em sorrisos.
Sabia que ia ser difícil, não pensei que fosse brutal e cru e muito menos real.
A independência é uma utopia com a qual ainda sonho, mas não quero perder todos aqueles que um dia ousei pensar que me queria despedir e abandonar.
Sinto-me perdida, estou com o coração enrolado em arame farpado e continua a apertar mais e mais, já estou a sangrar e dói, meu deus, como dói, dói crescer!
Como dói...

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