Acordei estendida na Areia, vestida de Algas e Conchas. O Sol ainda estava baixo, mas queimava já a pele que fora beijada pelo Sal.
Fui entregue pelo Mar, estendida nos braços das Ondas, de cabelos emaranhados e de pele despida pela Lua.
Não entendo o motivo de vinda a Terra. Aqui fora falta-me o ar...
No Mar tudo é mais denso, mais cheio, mais vital...Aqui em cima, tudo é mais...menos...
Tenho saudades dos peixes, das criaturas marinhas cheias de vida e sorrisos, dos murmúrios do meu Mar, que me embalava de noite quando a Lua ia alta e as Estrelas contavam histórias de encantar.
A Areia é áspera, rude, o Sol demasiado violento para olhos dados pelo Mar e pela Chuva. Demasiado tempo cá em cima irá secar-me os olhos, ressequir-me a pele e apagar os murmúrios do pai Mar. As Estrelas deixarão de contar histórias entre sorrisos desmesurados, e a Lua não terá vida nem dançará para entreter as criaturas.
Quem prefere viver aqui em cima, quando lá em baixo tudo é paz, harmonia e silêncios repletos de amor? Uma catedral infinita, onde cidades se perderam, onde Homens trocaram a vida mundana pela calma oferecida pelo Mar e onde o Ar é mais puro, mais limpo e mais doce.
Sente-se tal leveza que é impossível deixar de dançar com as algas todas as noites.
É no Mar gelado, sob o olhar atento da Lua e as Estrelas como testemunhas, que os amantes preferem fazer amor, onde o frio os torna inseparáveis e a doçura da pele se torna salgada e sarapintada pela música das Ondas.
Pai Mar, um dia voltarei a mergulhar nas tuas profundezas e sentirei toda a paz que não sou capaz de sentir cá em cima, onde a tua amante Areia é promiscua e cheia de malícia.
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