Hoje, a tua ausência magoa-me...
Tento não pensar muito em ti, porque fazê-lo é arrancar memórias do meu pequeno baú, memórias de quando fui uma menina feliz e brincalhona, de alma saudável e de olhos cor de mar...
Os meus olhos abandonaram a cor do mar e tomaram a cor da chuva desde que partiste...
Dizem-me que, passados tantos anos, não fiz ainda o luto da tua partida e que isso não é normal...Normal? Deixar-te? Não, nunca! Desde o dia em que o teu corpo deu o último sopro que és o meu anjo da guarda, aquele a quem a avó me ensinou a rezar quando era pequenina.
Por estranho que pareça, nunca esqueci o teu cheiro, o teu colo, a tua pele queimada pelo sol...mas esqueci-me da tua voz, do teu sorriso...e eu não quero perder a tua memória, a minha infância...Querem obrigar-me a fazer luto de quem me educou, de quem me amou e partiu e que deixou nada mais do que um buraco negro na minha alma...
O meu coração tornou-se negro, o teu sorriso desvaneceu-se e a tua voz silenciou-se. Sinto a tua presença à minha volta quando te chamo, quando acordo lavada em lágrimas depois de sonhar que te abraço e que não te quero largar...O sonho é sempre o mesmo e tu, apaziguador, dizes que nunca me deixaste e que nunca me deixarás.
Tento não pensar muito em ti, mas a tua morte foi algo tão chocante que me marcou e não me quero esquecer de ti, não me quero desprender das tardes no quintal, dos assobios, do orgulho espelhado no teu rosto quando passeavas comigo e dizias sorridente "Esta é a minha neta!".
Tenho saudades tuas avô...tantas...
Quem é bom e puro, parte cedo demais, deixando para trás apenas memórias que, de tão felizes que foram, magoam relembrar. Magoa pensar que se foi tão feliz e que se andava de cabeça erguida, com uma gargalhada no coração...
A vida prega-nos partidas, e a tua partida foi a maior delas todas...
Tenho saudades tuas.
1 comentários:
Ultrapassar a morte de alguém não é esquecer essa pessoa. É aprender a viver com a saudade e as memórias boas. Tentar apagá-las é absurdo e uma perda de tempo.
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