quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Quem Partiu


Tenho saudades tuas...não, tenho muitas saudades tuas!
As memórias que tenho tuas são o meu tesouro mais precioso, o tesouro sem preço que tenho o enorme prazer de partilhar de comigo para comigo.
Tenho saudades tuas...e durante a noite murmuro esta frase vezes infinitas, tão infinitas que por vezes se torna estranha no seu próprio conhecimento e essência, é a frase que antecede o meu sono e aquela com que acordo e que me leva o ar matinal.
Tenho saudades tuas...
Saudades de chegar a casa a correr para ver o teu sorriso, para me sentar ao teu colo e ouvir as tuas histórias, de descobrir a tua cara e as tuas feições, os teus traços e rugas de tristezas e alegrias que a vida te foi trazendo, com as minhas mãozinhas pequeninas e irrequietas.
Tenho saudades de te dar a mão, de me aconchegar no teu colo enquanto me cobres com uma manta e enquanto adormeço no teu peito a pensar que serás eterno e que eu serei sempre a criança que tens no colo a adormecer com um sorriso nos lábios.
Tenho saudades da menina humilde e risonha que me ensinaste a ser, mas que algures no caminho se perdeu, talvez quando partiste, e se tornou soturna ao ponto de ter medo de si mesma.
Tenho tantas saudades das tardes no quintal, a admirar a tua brilhante capacidade de construir, inventar e descobrir...eras brilhante e eu tinha tanto orgulho em dizer "Sou tua neta!!!"...
Tenho saudades que me ensines a assobiar como os passarinhos...quando partiste, também o meu assobio de passarinho partiu e não voltou mais...
E o que resta dessa saudade? Memórias que não sei se são reais, uma campa cheia de pó, fotografias de alguém que tenho medo que não tivesse sido real. Tenho medo de esquecer o teu cheiro, de esquecer a tua voz e o teu olhar bondoso, da forma como me dizias que tudo tem solução e de como me fazias inocentemente acreditar nisso.
Por favor volta, ou leva-me ao sítio onde estás e ajuda-me, ajuda-me porque não sei o que fazer. Ajuda-me porque sem ti estou perdida, já não sei ser humilde como me ensinaste, já não sei ser aquela menina sorridente de mãozinhas pequeninas e grandes olhos que andavam sempre azuis, de pele branquinha e sardas...O que resta de mim agora é o corpo de mulher, uns olhos que não passam de manchas cinzentas, as minhas expressões inverteram o riso e tornaram o meu rosto num labirinto de tristeza e mentira...
Tenho tantas saudades tuas...

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