terça-feira, 2 de junho de 2009

Num breve suspiro


E se tudo foi um sonho penosamente breve?
Não...Parecia real demais!
É um sonho dentro da realidade...as mãos eram perfeitas demais, o sorriso descontraído era digno das invejas dos Deuses, o corpo era marmóreo demais e o rosto límpido, translúcido e perfeitamente inigualável.
Foi num breve suspiro, num último olhar dorido, um último olhar frio demais para aquilo que eu sou capaz de aguentar...e apenas isso prevelacerá.
Apaguei o último toque, apaguei o último sonho, todos os sonhos. Dói demais pensar na altura em que ficava feliz apenas por saber que iria estar na sua presença, que o seu odor doce iria passear atrevido pela minha pele uma vez mais, que os seus olhos iriam pousar nas formas do meu corpo e quando o deixasse para trás, essa noite iria ser feliz, pois ele iria preencher-me os sonhos, de mansinho, pé ante pé e amar-me de tantas maneiras diferentes que até as palavras desconhecem tais formas...
E eram noites perfeitas... Eu pertencia-lhe e ele meu era. Amava-o demasiado.
Amava-o tanto que foi insopurtável vê-lo virar costas, como sonhei uma vez. Apenas doeu mais do que sonhei...Foi uma dor física, sentir o meu peito apertar, o meu coração acelerar pelo aperto que as costelas imprimiam sobre ele, um coração que ficava cada vez mais pequenino a cada acto desesperado de sugar o pouco ar que me rodeava. Continuava sorridente e afável, a morrer por dentro e sem deixar ninguém perceber que o coração já não era pequenino...era inexistente. Tive medo de andar, cada passo que me afastava dele era mais um pedaço do meu corpo que se desfazia e que me deitava por terra.
Contudo, ele não me sussurrou ao ouvido, não me beijou o pescoço com os lábios frescos.
Maldito relógio, só se mexe como lhe convém!!! Acelerou-lhe o passo! Quando o perdi de vista os ponteiros voltaram a teimar em cair, teimavam em não andar para prolongar o meu sofrimento que se arrasta até hoje.
E a dor que não passa?, que me dilacera por dentro, tão insopurtável...
Ao contrário do sonho, ele não voltará, o peso no meu peito não vai desaparecer, ele não irá perceber que sem a sua presença sou um corpo oco com um espírito morto. Ele não me vai apertar contra o peito frio e não me irá segredar ""És minha! Não deixarei que te afastem de mim, que te magoem! És minha! Amo-te!".
E ele virou costas num breve suspiro que me deitou por terra.