terça-feira, 20 de março de 2012

Ignorância


Por vezes, gostava de não ser tão observadora e de permanecer na ignorância...

quinta-feira, 15 de março de 2012

Remendos


Cada dia é uma luta tremenda a partir do momento em que ponho os pés fora da cama.
Arranjar motivação onde ela não existe, é algo que exige todo o meu tempo, que consome toda a minha energia e concentração.
A cada dia que passa, vejo quem sou ser reconstruído, pedra por pedra, grão a grão, gota por gota e, a linha entre a cimentação e a ruína é tão fina que todo o cuidado é pouco que exige mais de mim do que posso dar...
Vejo os resultados da minha pequeníssima mudança, da minha pequena construção de areia, do meu pequeno castelo de cartas e sinto orgulho por pensar que a maré está a mudar, que fui eu que a fiz mudar e que um dia, tudo será melhor.
Mas não será...sei que vou permanecer sozinha, que as batalhas que irei travar não terão quaisquer frutos e, se tiverem, de nada servirão.
Quando era mais nova, idealizava a minha vida, o meu futuro...mas nada daquilo que idealizei se concretizou e as coisas não vão ser diferentes, por mais rumos que o barco tome...
Faço contagem aos dias e ás minhas pequenas vitórias, mas num momento, num sopro, num ínfimo segundo, tudo desaparece, tudo se esfuma e dou comigo a olhar para trás e a esquecer-me do que foi bom, o que é bom e o que é sentir-me bem.
Sinto-me doente, não fisicamente, mas a minha alma está doente e temo que nunca se irá curar, por mais pensos que meta no meu coração, por mais costuras e remendos que a minha alma tenha...não é possível remendar um coração partido e muito menos é possível reparar os inúmeros remendos que foram feitos ao longo do tempo...
Sinto-me diferente de todos os outros, uma aberração, apesar de o meu exterior ser em tudo banal, sinto-me morrer por dentro, que não há cura para esta doença que eu não sei qual é...
Tempo...sê bondoso e avança para que o meu fim seja em tudo pacífico.

domingo, 4 de março de 2012

Campo


Há algo novo que paira no ar!
Fecho os olhos e sinto a relva fresca debaixo dos meus pés descalços...
O sol de fim de tarde bate-me na cara e percorre o meu corpo com um calor anormal, estranho, que ameaça derreter todo o gelo que tenho dentro de mim, mas é tão agradável!
Inspiro. No ar, há um perfume a flores silvestres, a campo! Alfazema, violetas, margaridas silvestres...odores frescos a contrastar com o quente do sol na minha pele!
Os insectos voam com um leve zumbido e beijam as flores no fim de uma tarde Primaveril.
Enquanto o sol cai languidamente, uma leve brisa agita as flores e a relva alta, traz uma breve e suave humidade, que ao cair da noite cobrirá as flores de orvalho.
Este, é o meu lugar. É aqui que agora pertenço.
E tudo são cores, perfumes e silêncios...



(A fotografia possui direitos de autor)

quinta-feira, 1 de março de 2012

Controlo


Tudo muda num momento, tudo o que antes era risonho e luminoso hoje é escuro e lacrimoso...
Os dias passam como uma chávena de porcelana, tão fina que ameaça estalar a cada minuto e desfazer-se em cacos.
A mente vagueia por onde não deve, mas não há escapatória possível. Estou no sítio onde outrora me encontrava, frio, escuro, e cada vez mais fundo a cada dia que passa. O pior é que já não se vê a luz...Acho que já nem o ar sinto...
É cada vez mais difícil chorar e estou novamente a ficar vazia...Pensei que uma vez fora daquele poço sem fundo, seria impossível de voltar para lá, "onde o ar é menos ar e mais demência"...
A máscara de felicidade sorridente é mais uma vez colocada, todos os dias, com tal frieza que eu tenho a certeza que não mais a vou tirar. "Tranca os pensamentos, emoções e tudo aquilo que és, toda a mágoa, todo o desespero, toda a vontade de gritar e de te desfazeres e controla-te!" É o que digo a mim mesma todos os dias cada vez que acordo e que me levanto.
Controlo é, agora mais do que nunca, palavra de ordem! "Controla-te, engole e sorri! Chora quando estiveres sozinha ou não chores de todo, que é o melhor. Torna-te na máquina que outrora foste e volta a habituar-te à rotina de corresponderes às expectativas dos outros."
"Ergue mais uma vez a barreira entre ti e o exterior e não deixes que nada te afecte, nem saudade, nem amor, desamor, tristeza ou alegria. Limita-te a respirar e a manter-te viva até que ninguém dê por ti."
Mecânica, opaca, compacta, e impenetrável. Controlada.