domingo, 27 de setembro de 2009

Já Não Se Escrevem Cartas De Amor


Lembro-me de olhar nos teus olhos e pensar que te iria escrever uma carta. Mas depois lembrei-me, já não se escrevem cartas de amor.
Este pensamento deixou-me triste.
Já não se escrevem cartas de amor, já não existem príncipes dispostos a morrer por princesas nem reis dispostos a lutar por rainhas. Os amantes já não morrem juntos por não aguentarem uma vida um sem o outro e já ninguém diz "Amo-te" sinceramente...
Perde-se a vivacidade dos olhares, as palavras tornam-se mecanizadas e os passeios de barco, os piqueniques e as noites a ver as estrelas não passam de miragens.
Já não se fazem serenatas de nos deixar com lágrimas nos olhos e que acabam com um terno beijo enquanto lágrimas de felicidade nos correm pelo rosto e encontram repouso e conforto nos lábios de quem nos beija.
Já não se recitam poetas e já não existem declarações no meio da avenida da cidade.
Já não se escrevem cartas de amor.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Manhã


É 6a feira...
Sofia acorda de mais um pesadelo com o som do despertador.
"7h00 da manhã" pensa, ainda aturduída do sonho que lhe parecera tão real.
Obriga-se a levantar-se da cama, a prender o cabelo e a dirigir-se para o banho com os passos lentos e pesados, sem qualquer tipo de vontade de sair de casa naquela manhã fria e cinzenta.
O banho quente ajuda-a a despertar um pouco, mas a vontade de se enfiar na cama e dormir até não poder mais cresce a cada segundo. "Não pode ser", pensa, "é só hoje, amanhã podes descansar."
Arranja-se lentamente, dentro do curto espaço de tempo que tem para se arranjar, não importa se demorar mais uns minutos, "Comboios há muitos...".
Ao sair de casa tem a sensação de que se esqueceu de alguma coisa, olha para dentro da mala, certifica-se de que tem tudo e chama o elevador do 4º andar onde mora.
Dirige-se até à estação de comboios e espera pelo seu, que é daí a 3 minutos. Contudo, esse tempo dá para reparar de fora nas pessoas que a rodeiam e que andam de um lado para o outro, abstraídas de tudo. Ao passarem por si, deixam rastos de perfume extremamente concentrados, deixando Sofia enjoada.
O comboio chega. Entra mecanicamente na carruagem e escolhe um lugar ao pé da janela. Abstrai-se das pessoas que a rodeia, das conversas que têm e das diferentes línguas que falam e concentra-se no livro que tem andado a ler nas últimas semanas. A voz gravada da indicação das estações é praticamente inaudível áquela hora da manhã, por ser hora de ponta.
Ao sair na sua estação, desce até ao metro, quase esmagada pelas pessoas apressadas. Não são raras as vezes em que o seguinte pensamento se lhe ocorre "Parecem gado sem pastor, tudo na mesma direcção, não podem esperar pelos outros, não se importam que alguém caia ou se magoe...Comportam-se como gado autêntico", e o dia de hoje não é excepção.
Na estação do metro, o odor matinal continua bem marcado, um misto de perfumes e colónias, com café e tabaco à mistura.
O metro está ainda pior do que o comboio, por isso tem de se limitar a ir em pé. Não consegue de se sentir desconfortável, os varóes e pegas de segurança estão gurdurosos, sabe-se lá que mãos por ali passaram, fica com uma sensação esquisita no corpo, tem de lavar as mãos assim que encontre uma casa de banho decente.
A saída do metro é mais calma do que a entrada, à chegada à superfície é um banho de realidade, o sol encadeia-lhe os olhos claros, obrigando-a a fechá-los.
Caminha lentamente pela cidade e consulta o relógio "Tenho tempo, afinal de contas, são só mais umas horas até que possa voltar a casa e dormir até que me apeteça."

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Eu comigo


Não seria a primeira, nem muito menos a última vez que digo que estou sozinha. Mas desta vez é diferente.
Sinto-me sozinha na verdadeira acepção da palavra. Para onde quer que me vire são mais os erros que cometo do que as coisas em que acerto, as coisas em que acerto são de algum modo transformadas em erros colossais. Fui deixada para trás, impediram-me de realizar o meu sonho e, enquanto toda a gente anda feliz, eu lido, sozinha, comigo e com a minha solidão.
Não consigo comer, não consigo dormir, não consigo evitar chorar perante uma qualquer idiotice que passa na TV, não me consigo conformar com a minha situação por mais que me digam que não há volta a dar, tenho um grito preso na garganta, um misto de fúria e lágrimas que continuo a engolir quando a minha vontade é revelá-lo.
"Tudo acontece por um motivo", é a frase que tenho ouvido nos últimos dias, vezes e vezes sem conta e eu mesma, em tempos, cheguei a acreditar nela. Mas e se não for verdade? Se as coisas acontecerem sem nenhum motivo, se as situações decidem render-se a si mesmas sem nenhuma finalidade que disso possa advir?
Por mais que me digam que este obstáculo foi posto no meu caminho para eu crescer, eu não consigo aceitar isso, é impossível crescer com tão pouco depois das atrocidades que passei. Apenas serve para me sentir mais idiota, mais humilhada comigo mesma, mais ultrajada e com um sentimento de impotência irreversível, só serve para que tenham pena de mim na minha cara e para que se riam disso nas minhas costas. Não preciso da vossa pena, basta-me a minha e já é mais do que consigo aguentar.
Dou comigo a perguntar-me, de que serve lutar por aquilo que se quer, de que valem o suor, as lágrimas, as noites sem dormir, os dias sem comer, todo o stress antes do momento que pode mudar a nossa vida, se há sempre alguém superior disposto a reconhecer que nunca é o suficiente e que não somos merecedores de termos aquilo que desejamos.
Perguto-me como é que há pessoas cruéis ao ponto de acharem que têm poder de decisão sobre os sonhos que alguém tem, sobre as oportunidades que todos devem ter para serem verdadeiramente felizes...
Mas é nestas altura que, por mais palavras que use, ninguém é capaz de perceber como me sinto, a revolta que sinto por mim mesma, o sentimento de humilhação de mim para mim a que me sujeito. Ninguém é capaz de ver que quando erro é porque sou humana e não uma máquina (humana demais, talvez), não são capazes de admitir que eu não sou perfeita...
Meus senhores, ninguém o é, porque terei eu de o ser?

Someone, somewhere


Left behind, ignorant, stuck in here, stupid, sad, pathetic, ALONE...just me.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Contradições


Ando perdida, à deriva...
Não sei que dia é nem a hora a que escrevo. Não suporto olhar para o calendário nem para o relógio.
Estou esgotada, de energias completamente sugadas...Estes últimos dias foram fulminantes demais para aquilo que posso aguentar.
Estou confusa e baralhada, feita de contradições e opostos que gostava que se anulassem a eles mesmos...Quero estar sozinha, mas não suporto que me abandonem, quero sair deste sítio maldito que me aprisiona todos os dias, a vontade de partir não poderia ser mais ambiciosa e mais desejada, contudo a ideia de partir assusta-me, deixar tudo para trás, quem conheço. quem fui, as minhas origens e raízes, o sítio e as pessoas que fizeram de mim quem sou hoje, boas ou más, cruéis ou amáveis...Será possível sentir isto tudo ao mesmo tempo?
Quero sentir coisas que nunca senti antes, sentir as mesmas com uma intensidade maior, mas quero deixar de sentir de todo. Odeio estar apática, triste e soturna, em danças de cetim negro e noites de lua cheia, mas é o único sítio de mim que conheço e não o quero abandonar porque já me habituei a isso...
Sou feita de contradições que nem eu mesma me posso dar ao luxo de compreender por ser doloroso de mais para mim.

domingo, 13 de setembro de 2009

Regresso perdido




Quero regressar à infância...
Tudo o que sempre desejei, mesmo antes do tempo em que me era permitido desejá-lo, foi ter 18 anos, atingir a maioridade, ser independente, deixar tudo o que tenho para trás, partir de malas e bagagens para sítios mágicos e novos.
Cheguei aos 18 anos viva, se bem que não sei como. Passei por tudo, pelas maiores atrocidades que o ser humano é capaz de cometer contra os outros e contra ele próprio e estou aqui, maior de idade. Sempre me considerei um pouco mais adulta do que a idade o exigia, e nunca me importei com isso, aprendi a ver o mundo de outra maneira e com uma visão mais crua do que é ser-se humano.
Mas de alguma forma, quero voltar atrás no tempo, quero reviver cada sorriso de infância, cada dói-dói, cada brincadeira com aqueles que me são queridos. De repente, esta responsabilidade de me tornar adulta e independente é demais para mim e para aguentá-la sozinha. Continuo a querer partir para lugares que nunca vi, mas com aqueles que amo na minha bagagem. Quero ser uma criança, ser adulta tornou-se pesado demais para mim. Não posso descartar o que vivi e muito menos esquecê-lo, mas quero voltar a ter o colinho da avó quando estava assustada e que ela cante até eu adormecer, quero ficar ansiosa com o primeiro dia de aulas e ir comprar os materiais novos, quero ter o prazer de sentir o cheiro de um livro novinho em folha e rasgar os plásticos que os envolvem, quero voltar a ter a inocência que perdi e tornar as lágrimas que chorei em sorrisos.
Sabia que ia ser difícil, não pensei que fosse brutal e cru e muito menos real.
A independência é uma utopia com a qual ainda sonho, mas não quero perder todos aqueles que um dia ousei pensar que me queria despedir e abandonar.
Sinto-me perdida, estou com o coração enrolado em arame farpado e continua a apertar mais e mais, já estou a sangrar e dói, meu deus, como dói, dói crescer!
Como dói...

sábado, 12 de setembro de 2009

A Uma Irmã (quase) de Sangue


Miriam,
O tempo é tão pouco e o que há a fazer é tanto...
Nem sei por onde começar...
Gostava de estar no teu lugar, ser eu a ir e tu a ficares, mas iria dar ao mesmo, estaríamos longe na mesma...
O que vai ser dos almoços à ultima da hora, das directas tresloucadas, das saídas à noite, das sessões fotográficas, das nossas tardes a tocar guitarra, dos nossos planos de viagens e férias, das nossas cusquices...basicamente o que será de nós?
14 anos de amizade é realmente muito a perder para alguém como nós...Posso dizer que te vi crescer, também tu me viste crescer, crescemos juntas...não precisamos de pedir licença para entrar em casa uma da outra, não temos papas na língua, já passámos e partilhámos de tudo, desde alegrias a tristezas, quando te fores embora o que vai ser de tudo isto?
Não consigo imaginas os meus dias sem que tu estejas presente neles de uma maneira tão permanente, não quero sequer pensar...mas não há outra coisa que não pense...
Apesar de todas as confusões que têm surgido nos últimos anos sabes que te amo do fundo do coração e que ver-te feliz e a atingires os teus objectivos é o que mais quero.
Mas há tanto que fica para trás e tão pouco tempo para o recuperar ou reviver...
Não quero chorar, mas neste momento é impossível.
Quero ser pequenina outra vez, quero andar a correr contigo no recreio do colégio e chamar-te Mimi até a palavra já não fazer sentido, quero voltar a passar tardes e noites inteiras a rir até nos doer a barriga, quero gozar contigo e que gozes comigo, quero tudo aquilo que não vou ter quando não estiveres presente...

Assim Sendo, Adeus


- E se eu te dissesse que amanhã já não estarias aqui?
- Provavelmente ria-me de ti e dir-te-ia que isso não vai acontecer.
- Estás disposta a rir-te de mim?
- Não.
- Porquê?
- Porque não tenho vontade de o fazer. E já te disse que não vou sair daqui tão cedo quanto eu gostaria...
- Mas a tua vida vai mudar na mesma...
- Tens razão...
- Queres essa mudança?
- Não...
- Porquê?
- Porque é uma mudança que não é a meu favor.
- Só dizes isso porque não gostas do que vai acontecer...
- Talvez...Sabes que odeio ver pessoas que amo partir, que nada me deita mais por terra do que isso...
- É verdade...
- E que odeio estar no mesmo sítio...Agora vendo bem não se pode chamar mudança a algo que se vai repetir por sei lá quanto tempo mais...
- Claro que é mudança...Como te sentes?
- Sozinha, bem sabes...
- Não estás nada! Eu estou contigo...
- Não estás não, tu partiste, não és real!
- Assim sendo, Adeus.

5 Sentidos


Regras:

1. Exibir o selo: Confirma-se ;)


2. Indicar o nome e o link do blog de quem recebi: *Grito d'Alma, Entra e Senta-te* (http://gritodalma-entra.blogspot.com/)


3. Indicar outros 5 blogues: http://desenhosdemesa.blogspot.com/





4. Dizer qual o sentido que melhor me descreve: Tacto, é preciso ter um certo tacto para certas coisas e situações


5. Para cada sentido, responder às perguntas:Audição: Qual o som que gostas mais de ouvir? A chuva a bater na janela num dia de Inverno.

Visão: Qual a tua imagem favorita? Uma praia ladeada por rochedos.

Tacto: O que mais gostas de sentir na pele? A chuva.

Paladar: Qual o teu sabor preferido? Chocolate.

Olfacto: Qual o cheiro que te faz bem? Terra molhada


Continuem com este maravilhoso desafio :)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Corpo Perdido


Gostava que estivesses aqui…Recordo cada traço do teu rosto e, se fechar os olhos, consigo sentir o teu perfume dançar à minha volta, tomando cores e formas, elevando-me o espírito e fazendo-me conhecer quem sou.
Recordo cada traço do teu sorriso, cada gesto das tuas mãos doces, cada olhar meigo…Lembro-me de passar as mãos pelos teus cabelos com vislumbres que o sol quis doirar, a forma de como os meus dedos dançavam por eles…
Lembro com saudade a forma em que fazias o meu corpo tremer debaixo do teu toque leve, da forma como me fazias enrubescer levezinho quando me tocavas com os olhos e com o sorriso.
Se ao menos a despedida não tivesse sido tão ingrata, tão rápida como foi…se ao menos os passos que deste tivessem sido na minha direcção e não na direcção contrária…se ao menos…se ao menos…
Quero voltar a ter esses dias contigo, dias em que segredos eram revelados sem que nada disséssemos, sem que nada do que estava à volta fosse importante, quero voltar a estar aninhada nos teus braços e no teu corpo confortável e acolhedor, que me fazia sentir no paraíso, quero voltar a ter o teu cheiro na minha pele, o teu sorriso a dois palmos dos meus lábios, os teus sussurros junto do meu ouvido e os teus dedos na minha cintura, quero-te de volta.