quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Irritações

O presente texto tem como objectivo libertar-me de toda a frustração que tenho vindo a acumular durante estas últimas semanas. Não serão referidos nomes, contudo, se vos servir a carapuça, aconselho a que ponham a mão na consciência e que pensem no que andam a fazer. Passemos então às minhas frustrações:

- Irritam-me as pessoas que pensam que têm sempre razão e que não ouvem os outros;
- Irritam-me as pessoas que quando precisam, somos os primeiros na lista de contactos, quando não precisam, seguem a lógica do "cagando e andando";
-Irritam-me solenemente os constantes pontapés na gramática, lançados sem razão aparente;
- Irrita-me o facto de certas e determinadas pessoas formularem piadinhas que de tão engraçadas, mereciam um murro nos dentes;
- Irrita-me a falta de cooperação entre amigos ou colegas;
- As faltas de respeito tiram-me do sério;
- Odeio, pura e simplesmente, saber que é um dia não assim que ponho os pés fora da cama, mesmo assim ter de sair de casa e as pessoas à minha volta me recordam das razões pelas quais eu deveria ter ficado em casa;
- Irrita-me que certas pessoas sejam tão desbocadas, ao ponto de serem mal-educadas;
- O meu horário é odioso;
- Irrita-me não me atenderem o telefone após horas ou dia infinitos;
- Irrita-me a idiotice de certas pessoas ao pensarem que são mais do que os outros;
- Irritam-me os trabalhos de grupo;
- Irrita-me o trabalho em geral;
- Irritam-me as aulas nas quais não consigo tirar apontamentos e aquelas que são tão secantes que me fazem querer desistir do voto de "este semestre não vou faltar às aulas", mas se não falto, adormeço;
- Irrita-me a insensibilidade de certas pessoas para certos assuntos;
- Irrita-me o facto de, quando é para falarem dos próprios problemas, eu sou o contacto de emergência, mas quando sou eu que necessito existe uma placa de "desculpa, não estou disponível, volta mais tarde quando eu tiver problemas outra vez";
- Irritam-me as respostas de "nim";

- Irrita-me o facto de os comboios e os metros andarem constantemente em greve;

Enfim, a lista poderia continuar, mas não saía daqui hoje...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Outono

Olhei pela janela e apercebi-me de que o Verão estava a mudar de humor. As árvores despiram-se da vaidade da estação quente e vestiram-se com os tons quentes e secos. O vento uivou suavemente numa cantilena sem rumo e o céu cobriu-se de suaves tons de cinzentos.
Sentada à escrivaninha, de caneta na mão e a contemplar a imensa paisagem carregada de cores, lembrei-me do teu sorriso menino, o teu cabelo doirado e dos teus olhos cor de mar em dia de tempestade. Lembrei-me de quando o teu sorriso era semelhante ao de uma criança de 4 anos, sincero, puro, sem maldade nem dor...Como foram bons esses dias, em que estar nos teus braços fazia-me sentir completa e segura e em que nada mais importava.
A tua voz de anjo era aquela que me fazia sorrir, mesmo quando tudo desabava e quando o meu mundo ameaçava ruir.
Tu amavas-me e eu amava-te, e penso que, apesar de tudo, sempre te amarei. A nossa separação foi tudo menos dramática, partimos como dois velhos amigos num dia de sol e com a promessa nos lábios de que um dia nos iríamos voltar a encontrar e voltar a rir à gargalhada das nossas tolices.
Por vezes a tua ausência aperta, as saudades são esmagadoras e, nesses dias, daria tudo para enterrar a cara no teu peito outra vez e chorar...chorar a nossa ausência, chorar os nossos sorrisos, os nossos beijos e as nossas noites de amor. Mas assim como o Verão, também nós mudámos de cores, também nós mudámos de sentimentos relativamente ao mundo e as folhas de quem éramos estão agora no chão à espera que o vento as traga de volta.
Meu amor...fomos tão felizes... Sei que a nossa história não teve um final definitivo, demos apenas algumas estações do ano para que pudéssemos crescer mais um pouco, como seres humanos, deixar novos sonhos acontecerem e pessoas novas entrarem.
Tudo o que me resta agora é a minha estação favorita: um bonito Outono, carregado de cheiro a terra molhada, de vento a resfriar e com chuviscos de ternura.