sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Cartas ao Pai Mar


Pai,

De tantas terras trazes histórias para contar e de tantos locais novos odores com sabor a sonhos trazes...
Porque de desterraste tão cedo, em tão tenra idade?
A Lua comentou e as Estrelas ao Sol perguntaram "Que fúria deu ao Mar para expulsar a pequena?".
Tiraste-me tu as barbatanas de sereia encantada, arrancaste-me a felicidade que existia quando eu vivia no teu fundo, deste-me pés nos quais tropeço e a felicidade deu lugar á mágoa e desespero.
Nem asas para ir brincar com a Lua...
Que castigo tremendo cometi eu para tal castigo receber?
Aqui em cima ninguém se apercebe das maravilhas que conténs, das criaturas fantásticas que acolhes; não conseguem compreender que os sonhos vão mais além do que apenas uma efémera imagem mental e que se podem materializar. Não são como nós (se ainda me permites que me insira na família), pacíficos. Têm os olhos vendados de ganância e maldade...
Já não compreendo a Lua, e as Estrelas já não querem brincar comigo; se mergulho em ti, tudo o que tenho é a sensação gelada do meu corpo a dilacerar-se e a visão turva que não me permite vislumbrar a tua verdadeira beleza...
Pai Mar...deixa-me voltar! Eu enfrento os buracos negros e os monstros marinhos, supero as mais difíceis provas que até hoje nenhum ser conseguiu sobreviver, mas por favor...deixa-me voltar.

Com amor.

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